sábado, 4 de junho de 2011

Terapia chocolamental

Eu estava numa tarde fria e chuvosa consultando o terapeuta  - uma enorme panela de brigadeiro -, e me pus a pensar em como as coisas vão e vêm sem razão nem porquê. Em como a vida é incerta, e muitas vezes, injusta. Injusta sim. Porque quando tudo parece se ajeitar vem uma porrada que lhe acerta a cara e parece dizer: acorda! isso aqui não é um conto de fadas estúpido! Levanta garota e vai ver que lá fora o céu está nublado e teu sol se apagou. Mas eu ainda insisto em enxergar uma luz mesmo que bruxuleante por detrás das densas nuvens que cobrem meu riso. E então, por que não arriscar a sorrir?
Aí olho para a panela de brigadeiro que está no meu colo a me olhar... Sabe, junto com todo o chocolate que me invade, vem também a ânsia de ter respostas para perguntas as quais a maioria das pessoas que conheço se fazem todos os dias. Sem respostas. Silêncio. Chocolate. Chuva. Dor de cabeça, de estômago, de amor, de coração. Agora até mesmo meu terapeuta se foi me deixando aqui ainda agoniada e com vontade de uma barra enorme de algum outro chocolate, só que dessa vez do mais amargo... Só para equilibrar com o amargor que se tornou meu sentir. O frio que faz lá fora não é nem metade do que parece me acometer por dentro. Sensações já tão conhecidas, ah.. minhas velhas amigas de tempos passados.
Agora, sem terapeuta, sem doce, sem lembranças, sem respostas. Ainda com dor, frio, e um gosto de chocolate recheado de passado - daqueles que não passa -, nos lábios já tão acostumados a se manterem vazios. Ah, vou no mercado comprar mais terapeutas. Dessa vez de todas as espécies, porque talvez algum deles tenha as respostas que tanto quero. A chuva parou de escurecer o meu Sol, mas agora já é noite e logo logo as estrelas surgirão trazendo-me boas novas. Ou não. Talvez até mesmo elas tenham se cansado dessa vida sem sentido e cheia de perguntas vazias... Talvez até mesmo o céu tenha se cansado de toda essa rotina que não abandona o tédio. Chego no mercado, olho as prateleiras, não há terapeutas. Acho que outros como eu também procuravam por respostas.

Laura Ribeiro